Erasmus não é fácil, nada mesmo. Por isso adoptamos a frase no pasa nada, porque passa-se tudo mas não queremos que passe! Há um tempo dei por mim a pensar se realmente queria isto, esta escola. As aulas foram-se tornando cada vez menos interessantes e os colegas são terríveis. Não nos ajudam em nada aliás só nos dificultam a vida com as suas boquinhas. Os projectos não me aliciam, não me agradam e tampouco são exigentes para com a minha criatividade. Se faço algo diferente sou conceptual, se faço algo que considero mau sou boa. Enfim, perdi um pouco o rumo ao que realmente queria. Depois de ver que esta escola é a verdadeira desorganização, que é preciso chegar ao ponto de ter de fazer esperas aos professores para falar com eles, reparei que estou por mim. Ás vezes fico um pouco frustrada por não ter ninguém com quem falar do meu trabalho, alguém que me possa criticar: não gosto disto (e porquê), se tentasses assim acho que ficava melhor , ou simplesmente partilhar ideias para trabalhos. Depois tenho de tratar das coisas todas porque não há interesse das outras partes e isso deixa-me chateada, bastante! Só sei que se não fosse eu não estaria aqui, pela segunda vez. Fiquei por minha conta, fui escolher as disciplinas e escolhi de acordo com o grau de interesse. Primeira semana de aulas e três práticas. Segunda semana de aulas e quatro práticas e um projecto. Segunda-feira desmotivou-me ainda mais (eu disse que precisava de um bom motivo que me fizesse levantar da cama tão cedo) afinal Estrutura da Imagem e Iluminação é só um nome bonito para dizer Óptica Aplicada. Completamente off, adormeci muito cedo para acordar cedo. Terça-feira foi extraordinário, encontrei o tal motivo! Chama-se Cultura Visual e é interessantíssimo. Temos dois projectos para fazer, um para entregarmos na próxima semana o outro só daqui a duas. Uma publicidade para a Absolut (vodka) e um pequeno filme que eu e a P decidimos fazer em stopmotion e vai ficar muito giro. Mas a terça-feira é pesada..entramos ás 8 da manhã e só acabamos ás 14h e é sempre a dar. Tivemos outra aula, Fotografia Artística e de Autor, o projecto é o que quisermos. Para facilitar o professor disse que podíamos começar pelo redor da zona onde vivemos! Estou a analisar tudo ao pormenor para ficar muito bem. Mudei também o projecto final em Portugal. Já não me dizia nada e trabalhar num projecto que já não corresponde ao que sinto , já nem sequer faz parte de mim não vale a pena. Porque para sair de mim, tem de entrar em mim. Tenho de interiorizar para exteriorizar. As festas continuam, claro. Estamos de erasmus. É uma das coisas que move. Gosto de me sentir assim, cheia de trabalho e de festas.
A minha mente é neste momento considerada very open mind. Tudo porque nesta casa o espírito erasmus é levado a sério e as piadas tornam-se fáceis. Há quem tenha a sua vida em stand-by e esteja na dimensão erasmus, eu não. A minha vida, agora, é erasmus e vai continuar a ser. Mas estou ainda mais open mind. Gosto das minhas pessoas e daquelas que não são minhas também. Gosto de andar nas ruas de Barcelona porque tudo é uma inspiração. Depois disto não vou ser a mesma, por mais que queira, não dá.
E um dia, daqui a muito tempo, quando me perguntarem pela experiência do meu erasmus direi que foi uma das melhores experiências da minha vida, que é impossível não mudar, é impossível não nos apaixonarmos, é impossivel não rirmos, é impossível não chorarmos, é impossível não abraçarmos, é impossível não ser feliz!
Por isso deixo aqui dois videos de Barcelona que expressam bem o que sinto.
http://www.youtube.com/watch?v=XHG6e3P4eQ8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=2tVsflGcQu0&feature=fvw
Barcelona, so much people but nothing is like you.
With love, Ana
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